domingo, 25 de maio de 2008

Liturgia 25.05.08
Buscar o Reino, confiando plenamente em Deus

A busca do Reino de Deus deve ser prioridade para os cristãos. A confiança em Deus se fortalece na certeza de que Ele não nos abandona, mas nos ama infinitamente (mais do que uma mãe). Se há desigualdades em nosso meio, é porque ainda não fizemos a opção pelo Reino de Deus, pois quem assume a proposta do Reino, age movido pelo amor que brota de Deus e elimina toda injustiça, gerando uma sociedade nova.

A primeira leitura (Is 49,14-15) deste domingo pertence ao "Livro da consolação de Israel" (Is 40-45). O “Segundo Isaías”, como é chamado, é um profeta-poeta anônimo, presente no exílio da Babilônia. Ele procura manter acesa a chama da esperança e do consolo, estimulando os exilados a confiar no Deus que liberta e salva. Anuncia a breve libertação e volta dos exilados à própria terra. O povo sente-se abandonado por Deus e se queixa disso. O profeta responde, em nome de Deus, afirmando que o exílio, a perda da terra e da liberdade não são frutos do esquecimento de Deus, mas conseqüência da infidelidade desse povo à promessa. Ele mostra que o amor de Deus por seu povo é muito maior que o amor de uma mãe por seu filho.
No Evangelho (Mt 6,24-34) Jesus nos ensina que Deus e o dinheiro são dois rivais irreconciliáveis, e não se pode servir (fazer as vontades de) os dois. Cabe a nós, cristãos, aceitar o único senhorio de Deus, cuja vontade é Reino, isto é, partilha e vida para todos (amor). Por outro lado, a vontade do dinheiro sabemos qual é: riqueza, bens materiais, cobiça (poder). Dessa forma, podemos dizer que Deus é ‘amoroso’ e o dinheiro é ‘poderoso’. O discernimento é pessoal.

O que mais nos preocupa? Reconhecemos que as preocupações, longe de prolongar a vida, a encurtam drasticamente. Jesus nos ajuda a perceber que a vida vale mais que o alimento e o corpo mais do que a roupa. Aos olhos de Deus, somos muito mais valiosos do que os pássaros do céu e os lírios do campo. Cientes disso, podemos confiar em Deus, que se preocupa grandemente com a mais nobre de suas criaturas. Ele sabe do que precisamos. Nossa preocupação maior deve ser a de fazer a Sua vontade.

Jesus não pede que nos despreocupemos simplesmente com aquilo que é vital para nossa vida (comida, bebida, roupa...), mas pede que a justiça do Reino seja nossa principal preocupação, pois o Reino de Deus implica comida, bebida, roupa, dignidade para TODOS. Quando o Reino se tornar realidade, as desigualdades desaparecerão, e todos terão o suficiente e o necessário para uma vida digna, sem concentração.

Por fim, na segunda leitura (1Cor 4,1-5), encontramos um retrato do evangelizador, Paulo. Ele escreve aos corintios, comunidades cheias de problemas e conflitos, que não poupavam nem Paulo das más línguas. Com calúnias e julgamentos, eles emitiam juízos apressados sobre Paulo, contrariando o próprio Evangelho. Na época também existiam pessoas pra “ensinar o padre a rezar missa”. Antes de se preocupar com as críticas, Paulo fala de sua função à frente das comunidades: servidor e administrador. Como servidor está sob as ordens e a serviço de alguém. Não é, portanto, senhor ou dono da comunidade. Como administrador é depositário de um tesouro (o povo) que não lhe pertence (o mistério de Deus) e deve administrar com fidelidade.

Paulo ignora os juízos e calúnias dos coríntios, pois sabe que deve prestar contas da administração ao seu Senhor. Evita julgar a si mesmo ou inocentar-se, embora tenha a consciência tranqüila. Julgando os outros, os coríntios imitam a sociedade injusta e parcial na qual viviam antes de conhecer o Senhor Jesus, isto é, não estão vivendo como cristãos. O ensinamento para nós é claro: cultivando atitudes de julgamento não vivemos plenamente a vocação cristã, embora pratiquemos uma infinidade de ritos e devoções.
(j.z)

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