terça-feira, 10 de junho de 2008

O Sacramento da Confissão, um passo para a conversão!

Há uma harmonia muito importante entre os sacramentos, e ao mesmo tempo há um valor particular imprescindível em cada um deles. Não se pode submeter um sacramento ao outro, visto que cada um tem uma finalidade especifica e marca um momento único em nossa relação com Deus. Em todos, no entanto, é necessária a fé como condição básica. Gosto de falar dos sacramentos como encontro com Deus, onde há alguém que busca (nós) e Alguém (Deus) que nos inunda com Sua graça. Vamos conversar um pouco sobre o Sacramento da Confissão.

É perceptível como, em nosso tempo, o Sacramento da Confissão está relativizado. Por duas razões: por um lado é clara a falta de consciência de pecado em nós, o que nos faz não buscar a confissão; por outro lado há uma busca desenfreada pela confissão, sem critérios. Ambas situações são problemáticas e preocupantes, e refletem uma fé um tanto fragilizada. Quando penso não ser necessário confessar meus pecados ao sacerdote para ser perdoado por Deus talvez me falte um conhecimento do que realmente implica o ato de expressar meus pecados a quem foi instituído para ouvi-lo e dizer-me palavras de conforto. Ou talvez acredite nem ter necessidade de tão nobres palavras, tamanha a insignificância dos pecados.

Muitas vezes, também, supervalorizamos a confissão dos pecados, caindo em um outro extremo: qualquer coisa é pecado e motivo suficiente para buscar a confissão individual. Mais preocupante ainda quando quase semanalmente buscamos a confissão, para confessar os mesmos pecados. A confissão, assim, não produz mudança. Perde, assim, seu sentido fundamental, a conversão. Condição para ser perdoado por Deus é o arrependimento. Mas são tantos os que sequer demonstram arrependimento no ato da confissão!

Uma verdadeira confissão precisa respeitar alguns critérios, sob o risco de não passar de um ritualismo vazio, à moda das práticas farisaicas tão criticadas por Jesus. O que realmente me perturba e me impele a buscar esse sacramento? Consciente disso, devo fazer meu exame de consciência, que me faz reconhecer onde eu errei e o que eu preciso mudar, tendo sempre presente que o pecado é um ato de maldade, praticado consciente e livremente contra o próximo ou contra si mesmo, e que, por isso, ofende a Deus. Um bom exame de consciência já é meio caminho dado, basta agora a humildade para confessar meus pecados e acolher as orientações recebidas, que certamente me ajudarão a buscar a conversão, isto é, a mudança que pretendo.

A confissão não existe para, simplesmente, me dar o ‘direito’ de comungar dignamente. Embora minha participação na Eucaristia implique um profundo desejo de conversão, a confissão não é um meio para a comunhão, mas um passo para a conversão. E esta só acontece após o encontro com Jesus. Jesus não chama para si os ‘dignos’, mas os pecadores desejosos de conversão. Na confissão, assim como nos demais sacramentos, o compromisso é o mais importante. As palavras vai em paz e não peques mais supõem uma luta para superar todo pecado, buscando viver sintonizado com os ensinamentos de Jesus. O perdão, como expressão da misericórdia de Deus, me compromete a também perdoar e a amar mais. Ora, com mais amor em minha vida, menos pecados cometerei, pois só existe pecado onde se rejeitou o amor.

Sejamos, pois, capazes de dar o devido valor a esse tão precioso Sacramento da Confissão, buscando-o como nos orienta a Igreja, pelo menos uma vez por ano, ou em caso de necessidade urgente. Sabendo sempre distinguir confissão e aconselhamento espiritual. E que Deus nos dê sempre a força necessária para empreender uma autêntica caminhada de conversão, reconhecendo aí o caminho da salvação.
(j.z)

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